#16 | A marca, além do que o capitalismo te ensinou
Sobre presença, propósito e o impacto que deixamos no mundo
Na semana passada, não tivemos newsletter por um motivo pessoal: perdi uma pessoa muito próxima e importante pra mim — meu tio.
Esse texto é uma homenagem a ele.
O termo “marca” vem do latim marcare, que significa marcar, assinalar.
Historicamente, uma das primeiras formas de “marca” era a marcação de gado, feita com ferro quente para indicar propriedade. Isso era comum em várias culturas antigas e evoluiu como uma forma de diferenciar o que pertence a quem.
Mas note: até na origem da palavra, há um viés comercial.
O que quero trazer aqui hoje é um outro valor que a marca pode carregar: o legado.
Marca tem tudo a ver com o que deixamos no mundo
Especialmente quando falamos de marca pessoal.
Marca é a sua marcação na vida — o que você faz, como age, como se comunica, o que transmite… tudo isso constrói sua marca, você querendo ou não.
Pergunte às pessoas próximas:
“O que vocês acham de mim?”
A resposta é sua marca.
Mesmo de forma inconsciente, estamos constantemente moldando essa marca ao longo da vida.
Alguns fazem isso por meio da carreira, outros por meio da família, dos animais, da fé, da comunidade…
Mas quando passamos a fazer isso de forma consciente e intencional, conseguimos transformar essa construção em reputação, legado, influência.
Tudo que somos, falamos e fazemos impacta positiva ou negativamente a percepção que o mundo tem de nós.
Então deixo aqui uma provocação:
O que você tem feito, de forma intencional, para construir sua marca nesse mundo?
Um legado que me tocou mais do que eu imaginava
Nunca fui uma pessoa muito religiosa. Sempre tive fé, mas não seguia nenhuma comunidade.
Já meu tio era um homem de fé profunda. Talvez a vida tenha conduzido ele a isso, talvez tenha sido escolha.
Mas o que mais me tocou foi perceber o impacto que ele causava através da marca que construiu — uma marca firmada em sua presença, atitudes, entrega, generosidade e fé.
Durante sua vida, ele foi ativo em uma comunidade da qual eu não participava. E foi só após sua partida que, ao entrar naquele espaço, nas homenagens, eu entendi o tamanho da presença dele.
Foi bonito. Foi profundo. Foi inspirador.
Um dos pastores disse algo que ficou na minha cabeça:
“Alexandre até aparava a barba para parecer mais amigável, já que iria trabalhar com meninas na próxima reunião.”
Parece um detalhe bobo, mas esse gesto diz muito.
Ele entendia que se comunicar com diferentes públicos exige adaptação, empatia, cuidado.
Isso também é branding.
Isso é construção de marca intencional.
E você, como tem moldado a sua marca?
Você se adapta aos contextos ou tem um posicionamento rígido e imutável?
Sua marca se conecta com pessoas diferentes ou só com um único tipo de público?
Você tem pensado sobre o que quer deixar no mundo — além do que vende ou entrega?
Essas perguntas não têm resposta certa.
Mas têm o poder de nos fazer refletir sobre como queremos ser lembrados.
Essa newsletter é um tributo.
Um texto em homenagem ao meu tio, José Alexandre Nery.
E uma lembrança pra mim — e talvez pra você — de que marcar o mundo é mais do que faturar.
É sobre presença, intenção, escuta, generosidade.
Espero ter trazido algum insight.
Boa semana pra você.
E um até breve, tio.
“O grande ato do branding é transformar uma simples ideia em um ícone socialmente relevante.” — Brandologia. Curados para bem marcar.