#24 | A fé virou marca? O que igrejas e marcas têm em comum
Como igrejas evangélicas estão conquistando a Gen Z com estratégias que muitas marcas ainda não entenderam
Nos últimos anos, o crescimento do público jovem dentro de igrejas evangélicas no Brasil tem chamado atenção. Mas isso não aconteceu por acaso. A chamada “igreja aesthetic” é resultado de uma mudança estratégica: templos com design moderno, linguagem alinhada às redes sociais, cafés integrados e um discurso mais aberto. Tudo isso para conversar com os códigos culturais da Gen Z.
E, por mais polêmico que pareça dizer, isso tem tudo a ver com branding.
Essas igrejas entenderam algo que muitos negócios ainda ignoram: comunidade, símbolos e narrativas compartilhadas criam pertencimento. E pertencimento move pessoas.
O que o Primal Branding tem a ver com isso?
Segundo o autor Patrick Hanlon, marcas fortes compartilham sete elementos essenciais. Curiosamente, muitas dessas igrejas seguem exatamente os mesmos princípios:
História de criação: a origem da fé, dos líderes, o propósito maior.
Credo: os valores inegociáveis que guiam comportamentos e decisões.
Ícones: a cruz, a bíblia, o templo, ou hoje, letras de neon, camisetas, vídeos bem produzidos.
Rituais: cultos, louvores, reuniões de jovens, retiros.
Pagãos: os de fora, os que não acreditam. Toda crença forte define um “nós” e um “eles”.
Palavras sagradas: versículos, expressões, nomes próprios da comunidade.
Líder: o pastor, que hoje também pode ser influenciador digital.
Ao aplicar esses elementos com consistência, essas igrejas se tornam mais do que templos: viram movimentos. A estética ajuda a abrir portas, mas o que segura as pessoas ali é a experiência, o acolhimento e o senso de pertencimento.
O que você pode aprender com isso?
Se você é um empreendedor, criador ou estrategista de marca, olhe com atenção para esse fenômeno. Ele nos mostra que:
Identidade não é só aparência.
Comunidade não se compra, se constrói.
Pertencimento vem da escuta ativa, da clareza de valores e da entrega constante.
Enquanto algumas empresas ainda tentam “parecer jovens” em campanhas sazonais, essas instituições religiosas estão construindo relevância contínua através de símbolos, rituais e experiências.
E no fim das contas, a pergunta que fica é:
A sua marca é apenas visual ou ela é um sistema vivo de crenças e conexões?
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Um abraço e uma ótima semana, fui.