#25 | Nem toda IA é pra você (e tudo bem)
Como filtrar o hype e escolher com consciência as ferramentas que realmente melhoram sua rotina
O que fazer quando, todos os dias, surge uma nova inteligência artificial e alguém aparece dizendo que ela é a melhor de todas — e que você precisa começar a usar agora?
Simples: respira.
Assim como qualquer outra ferramenta, as IAs são apenas ferramentas. Por mais óbvio que isso soe, vale repetir: elas não são milagrosas, nem definitivas — e tampouco servem para todo mundo.
Vou trazer isso para a minha área: o design.
Quando o Figma lançou a funcionalidade de criação de sites, vários influenciadores correram para os vídeos com manchetes do tipo “o fim do Webflow chegou”, “os concorrentes faliram”, e por aí vai. Mas quem trabalha com isso no dia a dia sabe que não é bem assim.
Antes de adotar qualquer nova solução, é preciso analisar a sua realidade. Perguntar:
Isso melhora ou complica meu fluxo de trabalho?
Vai me poupar tempo ou me dar mais tarefas?
Me ajuda a entregar mais valor ou só me distrai?
Com IA, é a mesma coisa. Testar novas ferramentas é ótimo — mas você precisa ser criterioso. Leia sobre elas, entenda os prós e contras, avalie se se encaixam no seu processo.
No meu caso, uso bastante IA no cotidiano e estou sempre testando novas opções. Mas acabo voltando ao ChatGPT porque ele me atende bem e já está integrado ao meu fluxo. Se amanhã o Gemini oferecer mais vantagens por um custo menor, ótimo — posso mudar.
Mas só se essa mudança não implicar em perda de informações, atrasos ou complicações desnecessárias.
Muito ruído, pouca utilidade
A internet está cheia de promessas. Todo dia alguém descobre “a nova IA revolucionária” — e muita gente embarca na onda sem nem pensar.
É por isso que a habilidade mais importante no meio de tanta inovação talvez não seja “dominar IA”, mas sim desenvolver discernimento.
Saber filtrar. Escolher. Testar com propósito. Deixar de lado o que não serve.
E isso vale especialmente para quem está fora da bolha de tecnologia.
Tem muita gente que está começando agora a experimentar essas ferramentas. Pessoas que, antes, pesquisavam tudo no Google e agora fazem perguntas direto no ChatGPT. Mas ainda não entenderam que a IA também erra, também alucina, e que não basta jogar qualquer comando e esperar mágica.
Enquanto isso, quem vive dentro da bolha já percebeu o impacto mais profundo:
IA não é só para fazer portraits bonitinhos ou ajudar num trabalho de faculdade. É sobre automatizar processos complexos, criar conteúdo em escala, modelar decisões de negócio — e, ao mesmo tempo, levantar debates éticos, sociais e políticos profundos.
Entre o hype e a realidade
A distância entre a empolgação generalizada e o uso consciente ainda é enorme.
As pessoas estão deslumbradas com vídeos falsos de girafas em casinhas minúsculas — e acreditam neles porque são “fofos”. Aconteceu com a minha própria esposa. Mas, com um mínimo de racionalidade, a gente percebe: como uma girafa, que já nasce com mais de 1,5 metro, caberia numa casa de boneca?
Essa diferença entre emoção e razão é o que vai nos acompanhar nos próximos anos.
Enquanto a IA continua avançando rápido, as pessoas ainda não desenvolveram repertório e olhar crítico para lidar com ela. E é aí que entramos.
Precisamos ser aqueles que questionam com gentileza, que provocam a curiosidade, que ajudam os outros a pensar de forma mais consciente.
Porque, no fim das contas, a melhor IA do mundo não vai substituir sua capacidade de discernir, adaptar e agir com intenção.
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