#21 | Quando a inovação desacelera, o branding acelera
A Apple pode não liderar em IA, mas ainda lidera corações — e isso é branding em sua forma mais pura.
Recentemente, uma matéria da PhoneArena levantou uma questão provocativa:
a Apple está perdendo seu toque inovador?
Com o avanço acelerado de empresas como Google, Microsoft e OpenAI no campo da inteligência artificial, a gigante de Cupertino parece estar ficando para trás. A Siri, que já foi pioneira, hoje é vista como ultrapassada. O iOS ainda carece de recursos de IA generativa que seus concorrentes já entregam — e para muita gente, isso soa como um sinal de decadência.
No entanto, mesmo diante dessa percepção de estagnação tecnológica, a Apple continua a desfrutar de uma base de usuários extremamente fiel.
Por quê? Porque o vínculo emocional ainda fala mais alto.
A força do branding emocional
A Apple nunca foi apenas uma empresa de tecnologia — ela é uma marca que representa inovação, bom gosto, criatividade e autoexpressão.
Desde a icônica campanha “Think Different”, passando pelo minimalismo nos seus produtos, até o cuidado extremo com a experiência de uso, a Apple construiu um ecossistema de valor emocional.
Enquanto outras empresas brigam por features, specs e benchmarks, a Apple oferece algo que vai além da razão: ela constrói significado.
Um iPhone não é só um celular. Um Mac não é só um computador. São extensões da identidade de quem usa.
Quando todos querem ser estrategistas de marcas que não construíram
Durante a leitura da matéria da PhoneArena, um comentário chamou a atenção:
“No one can stay on top forever. If only Apple dedicated the same percentage of revenue into its R&D instead of stock buybacks, it would have stayed on top a lot longer.”
Não sabemos quem escreveu isso. Mas sabemos que essa pessoa acredita ter clareza suficiente para sugerir à Apple — uma das empresas mais valiosas do planeta — como deveria investir seus bilhões.
Esse tipo de comentário é comum. E revela uma verdade desconfortável: em tempos de excesso de opinião, esquecemos que estratégia não se mede apenas por inovação visível.
A Apple não lidera em IA hoje? Talvez.
Mas será que ela precisa? Será que esse é mesmo o jogo que ela quer jogar agora?
Enquanto outras marcas correm para lançar o próximo grande recurso, a Apple investe em refinamento, experiência e valor percebido.
E isso, no fim das contas, ainda move o desejo — e as vendas.
Branding como escudo e bússola
É justamente nesses momentos que vemos a força do branding.
Uma marca forte não depende exclusivamente da tecnologia que entrega hoje, mas do valor que representa ao longo do tempo.
Sim, a Apple pode estar devagar em IA. Mas sua construção emocional de marca e seu ecossistema de usabilidade continuam entregando algo que nenhuma IA consegue substituir: a sensação de pertencimento.
Para refletir:
Sua marca está competindo por performance… ou por percepção?
Você está mais preocupado em parecer inovador ou em construir uma identidade que permaneça relevante no longo prazo?
Como você pode usar o branding para criar vínculos — mesmo quando a inovação desacelera?
Antes de criticar uma decisão estratégica de marca, vale lembrar:
nem toda empresa quer correr atrás do “primeiro lugar” a qualquer custo.
Às vezes, o jogo é outro — e o branding é o tabuleiro.
Se você curte discussões como essa sobre posicionamento, percepção e construção de marca, compartilha essa newsletter com alguém que também valoriza conversas mais profundas sobre negócios e comunicação.
Grande abraço e até a próxima!